Pular para o conteúdo principal

Um Homem sem um Canivete no bolso não é um Homem, é um Menino

       Eu costumo brincar com essa frase: Um Homem sem um Canivete no bolso não é um Homem, é um Menino. Mas a verdade é que um canivete te mantém minimamente preparado pra situações corriqueiras do dia a dia, seja em casa, seja no trabalho ou na rua.       Quantas vezes você não precisou abrir um pacote e arrebentou todo o plástico tentando abrir com a mão, aqueles pacotes de biscoito que vem um fiapo pra você puxar e abrir que nunca abrem e arrebentam na metade do caminho como os dos biscoitos de maizena... Conheça o site Facas HQ com cupom de desconto condutaedc       Outra situação já mais incomum que me relataram foi um incidente de um vestido de uma senhora preso na escada rolante, que bastou pegar a ponta do tecido e cortar com o canivete pra evitar que e roupa se rasgasse toda.              Em situações mais específicas de trabalhos manuais por exemplo, quem nunca correu atrás de um canivete ou uma lâmina qualquer pra descascar um fio e fazer uma gambiarra de última hora. Po

Histórias e Lâminas Ep.1 - Bob Loveless

      Robert Waldorf Loveless, mais conhecido como Bob Loveless, foi um cuteleiro americano que projetou e popularizou diversas lâminas mundo afora, e foi amplamente reconhecido por suas inovações no mundo das lâminas.

      Nascido em 2 de janeiro de 1929 em Warren, Ohio, desenvolveu o seu interesse por facas aos 14 anos, em 1943, quando alterou a sua certidão de nascimento pra se juntar a marinha mercante. Tendo servido como operador de torre de controle aéreo em Iwo Jima, testemunhou nos bares do porto, diversas brigas envolvendo facas como ferramentas de ataque e defesa.

      Em 1950, Bob frequentou o Armour Institute of Technology e também estudou literatura e sociologia na Kent State em Ohio. Mas foi em 1953, quando retornou a marinha mercante, baseado em New York, que Loveless visitou a Abercrombie & Fich pra comprar uma Randall Made Knives e descobriu que tinha uma fila de espera de 9 meses. Foi aí que ele decidiu fabricar a sua própria faca baseada nas Randall, fabricada a partir da mola de um Packard 1937 que ele encontrou em um ferro velho de Newark, New Jersey. O interessante é que depois de pronta, ele resolveu mostrar a sua faca ao chefe do departamento de cutelaria da Abercrombie e acabou assim criando um relacionamento pra vender as suas facas naquela época por U$14,00.

      Entre os anos de 1954 e 1960, Bob fez as facas conhecidas como Delaware Maids, que se tornariam os itens artesanais mais vendidos na Abercrombie, superando as vendas das Randall, a qual ele tinha se inspirado. Seguindo o sucesso, ainda em 1960 ele começou a produzir seus próprios designs de facas. Em 1970 foi um dos fundadores do Knife Makers Guild, uma organização americana para desenvolver e promover as facas custom. Essa organização ficava localizada em Richfield, Utah, e teve Bob Loveless como um de seus presidentes de 1973 até 1976.

      Através de seus estudos, Bob desenvolveu o uso da espiga integral conhecida como full tang, usada anteriormente pra compensar as fraquezas dos aços usados antes da metalurgia moderna. Loveless já naquela época afunilava a ponta da espiga do mesmo modo que afunilava a ponta da lâmina, pra assim equilibrar o peso da faca no centro, processo esse conhecido como Tapered Tang. As talas ele prendia com parafusos, o que tornava as facas até mais resistentes. Há quem diga que existe o mundo das facas de caça antes e outro mundo depois de Loveless. Vale dizer que ele também era conhecido pelo desbaste hollow em suas facas e acabamento extremamente polido.

      Outra de suas criações icônicas foi a faca fighter Big Bear, conhecida pela sua dupla guarda. Esse modelo foi desenvolvido pois muitas pessoas acabavam enfiando toda a guarda na caça, o que dificultava na hora de puxar, sendo assim, mais uma solução foi criada pelo mestre. Esse modelo foi posteriormente reproduzido pela Cold Steel e pode ser encontrada à venda até hoje.

      Em 1972, Loveless introduziu o uso do aço ATS-34 no mundo da fabricação de facas, assim como o 154CM que vemos no uso em lâminas industriais também até hoje, aço esse desenvolvido pela Crucible, uma indústria americana de aços. Ele também foi pioneiro no uso da micarta como material do cabo. Bob se considerava um Bench Maker, que ao contrário do Custom Maker que desenvolve facas de acordo com pedidos de seus clientes, ele desenvolvia facas de acordo com suas próprias exigências, podendo o cliente escolher geralmente apenas o material do cabo de suas facas. Sendo assim, Bob desenvolveu diversos projetos que são reproduzidos até hoje por cuteleiros, como e New York Special, uma faca que só pra citar um detalhe, tem no encaixe do cabo na bainha, um botão de pressão, coisa que eu não me lembro de ter visto em nenhum outro modelo de lâmina, além das raras Camps e as exóticas Pró Hunter, passando por suas Nessmuks dentre outras.

      Pra marcar suas lâminas, Bob usava o processo de eletro ácido e imprimia no aço o famoso “RW Loveless, Maker, Riverside, California. Mas sem dúvida, seu logotipo mais famoso e marcante, ficou conhecido como ”Reclining Nude", Representado por uma mulher nua deitada de lado, de frente e de costas, um perfil de cada lado de suas facas.

      As drop points eram o estilo de suas facas primárias, tendo sido ele o criador do estilo “drop point hunter” e da guarda soldada. Bob também foi reconhecido por ser o primeiro cuteleiro a produzir uma faca tática. Em um determinado episódio de sua vida, Bob se recusou a vender uma de suas lâminas de combate para um cliente, a menos que ele pudesse apresentar uma identificação policial ou militar, que pudesse exigir uma faca como arma. E por falar em militar, Bob também forneceu suas facas para as forças especiais do exército dos Estados Unidos e para a CIA.

      Dentre seus projetos conhecidos está também a faca Gerber Guardian, e por um tempo ele foi o principal designer da Gerber. E ele não parou por aí, projetando também facas para fábricas como Lone Wolf Knives, Beretta e Shrade Cutlery.

      Bob participou de 1993 a 2006 do Art Knife Invitational Show, uma associação fechada dos 25 fabricantes de facas mais colecionáveis, declaradamente um dos seus shows favoritos nos seus últimos anos de carreira.

      Loveless escreveu ainda vários livros sobre facas, como o "How to Make Knives" de 1977 em parceria com Richard Barney. Outros autores também publicaram livros sobre a produção de facas como o "Knife Making With Bob Loveless" do autor Durwood Hollis.

      Como grande influência que foi, Bob Loveless entrou para o hall da fama da revista Blade no Blade Show de 1985 em Knox Ville, Tennessee. Essa influência chega até mesmo às lâminas de produção industrial, como por exemplo a faca da fabricante chinesa Civivi, modelo Cloud Peak, uma homenagem ao estilo de Bob.

      No Brasil não seria diferente a sua influência, tendo em cuteleiros como Ricardo Romano, Fabio Luza e Wagner Bonfim, inspiração direta para seus trabalhos, reproduzindo uma gama de modelos criados por Bob.


Exemplar feito por Ricardo Romano (instagram @cutromano)

      Bob Loveless faleceu em 2 de setembro de 2010 aos 81 anos, de câncer de pulmão, em sua antiga casa em Riverside, California.

      Em 2014, como homenagem a sua obra, 25 facas foram criadas com o nome de "Pionners of Loveless" ao valor de U$3.500,00 na época. Posteriormente, a Damasteel Industries desenvolveu o aço RWL-34, que são as iniciais de seu nome, Robert Waldorf Loveless.

Já dizia Bob Loveless:

      Quando um homem pega uma faca, uma velha memória do inconsciente coletivo vem à tona. Uma faca é uma experiência ancestral. Foi a primeira ferramenta do homem e uma arma. O homem já riscava uma pederneira e cortava arestas antes de inventar a roda. Por mais sofisticados que nos tornemos, uma faca nos leva de volta à caverna.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Qual a diferença entre Bateria Button Top e Bateria Flat Top?

Fala Galera. Em complementação ao texto da Lanterna Tática Nitecore P12 1000lm (vou deixar destacado no final pra quem interessar), obtive essa matéria com o amigo Moshe Bacov (a quem agradeço imensamente a participação e ajuda de sempre, pois nunca vamos saber de tudo, porém podemos sempre aprender de tudo um pouco). Aqui vamos falar um pouco sobre Bateria Button Top e Bateria Flat Top . Esse texto surgiu dos meus questionamentos abaixo: 1 -  Seria menos preocupante uma bateria revestida, já que a própria lanterna reduz a potência quando a mesma esquenta muito? Sim é exatamente isso que quero dizer. Entretanto, este não é o único problema que pode acontecer com baterias e lanternas. É o mais sério pois superaquecimento pode causar explosão da célula (bateria). Mas não é o único. As baterias podem também descarregar além do que deveriam, neste caso muitas vezes o usuário acaba perdendo a bateria. Baterias com sistema de proteção contra esta "superutilizaçã

AS FACAS QUE MARCARAM OS FILMES DE AÇÃO - FACA DO RAMBO

Fala galera. Vamos começar uma série onde mostraremos as facas mais aclamadas dos filmes de ação:  " AS FACAS QUE MARCARAM OS FILMES DE AÇÃO "  E vamos começar claro, com a Faca do Rambo e suas versões. 1 - FACA RAMBO Com quatro filmes na série, a Faca do Rambo é com toda certeza, a faca mais icônica de todos os tempos . - No primeiro Filme da Série, First Blood , o próprio Stallone participou do processo de desenho da lâmina. No estilo Bowie , e com serrilha no dorso, essa peça possui 355 mm totais, sendo 228 mm de uma lâmina com 6,5 mm de espessura, com acabamento parte polido e parte fosco. Possui um cabo de formato cilíndrico, revestido por um cordão verde, e em seu interior vinha com alguns itens de sobrevivência como linha, anzol etc, e uma bússola na tampa. Sua bainha é de couro marrom. Essa primeira versão foi feita pelo artesão Jimmy Lile em 1980. - No segundo filme, First Blood Part II , a faca cresceu de tamanho (400mm totais) e ganhou traços mai

AS FACAS QUE MARCARAM OS FILMES DE AÇÃO - STALLONE COBRA

Fala galera. Dando continuidade na série: AS FACAS QUE MARCARAM OS FILMES DE AÇÃO 2 - Stallone Cobra  Mais uma vez Stallone domina a cena, na verdade “ Night Slasher ”, o vilão interpretado por Brian Thompson no “filme Stallone Cobra ” de 1986, e quem de verdade usa essa lendária lâmina. Essa faca foi encomendada por Stallone , ao cuteleiro Herman Schneider , um talentoso e pioneiro cuteleiro já na década de 70 , Um dos primeiros membros da  The Knifemakers 'Guild .  Stallone disse que queria uma faca inesquecível. O que com certeza conseguiu. Essa faca de formato curvilíneo bem marcante, feita de aço carbono, tem no seu protetor de articulação o ponto mais marcante, que são dez espinhos de aço , que a tornam uma das facas mais agressivas já vista nos filmes de ação . Encontrada hoje a venda vastamente pelo mercado livre, suas medidas constam em torno de 33 cm de comprimento, 17 cm só na lâmina, e 8 mm de espessura. No modelo original do filme, uma imagem